Infecções Por Enterobacteriaceae Em UTIs: Riscos E Prevenção
As infecções causadas por Enterobacteriaceae em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) representam um desafio significativo para a saúde pública. Essas bactérias, naturalmente presentes no trato gastrointestinal, podem se tornar patogênicas em ambientes hospitalares, especialmente em pacientes com sistemas imunológicos comprometidos. Este artigo explora as principais infecções causadas por Enterobacteriaceae em UTIs, o impacto da entubação com sonda no aumento do risco dessas infecções e as estratégias de prevenção cruciais para mitigar esses riscos.
Principais Infecções Causadas por Enterobacteriaceae em UTIs
Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV)
A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é uma das infecções mais comuns em UTIs, e as Enterobacteriaceae são frequentemente identificadas como agentes etiológicos. A entubação, embora vital para o suporte respiratório, facilita a entrada de bactérias nos pulmões. As Enterobacteriaceae, como Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Enterobacter spp., podem colonizar as vias aéreas e causar infecções graves. A PAV não só prolonga o tempo de internação, mas também aumenta a morbidade e mortalidade dos pacientes críticos.
A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é uma complicação grave e frequente em pacientes internados em UTIs, com uma incidência significativa que impacta negativamente os resultados clínicos. As Enterobacteriaceae são patógenos comuns envolvidos na PAV, representando um desafio adicional devido à sua crescente resistência antimicrobiana. Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, por exemplo, são frequentemente isoladas em casos de PAV, exigindo abordagens terapêuticas específicas e, muitas vezes, mais agressivas. A patogênese da PAV envolve múltiplos fatores, incluindo a aspiração de secreções orofaríngeas colonizadas, a contaminação do equipamento respiratório e a imunossupressão do paciente. A entubação endotraqueal, embora essencial para o suporte ventilatório, compromete os mecanismos de defesa naturais das vias aéreas, facilitando a entrada e a proliferação de bactérias. Além disso, a formação de biofilmes nas cânulas endotraqueais pode servir como um reservatório de bactérias, contribuindo para a persistência da infecção e a dificuldade no tratamento. A prevenção da PAV exige a implementação de protocolos rigorosos de higiene e cuidados respiratórios, incluindo a elevação da cabeceira do leito, a higiene oral regular com soluções antissépticas, a aspiração adequada das secreções e o uso criterioso da ventilação mecânica. A monitorização contínua dos sinais clínicos e laboratoriais de infecção é fundamental para o diagnóstico precoce e o início imediato da terapia antimicrobiana apropriada. A colaboração multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, é essencial para otimizar os cuidados e reduzir a incidência de PAV em UTIs.
Infecções do Trato Urinário (ITU)
As infecções do trato urinário (ITUs) são outras infecções comuns em UTIs, frequentemente associadas ao uso de cateteres urinários. E. coli é a espécie mais frequentemente isolada em ITUs, mas outras Enterobacteriaceae também podem estar envolvidas. A inserção e manutenção de cateteres urinários criam uma via direta para a entrada de bactérias na bexiga, aumentando o risco de infecção. ITUs podem levar a complicações graves, como pielonefrite e bacteremia, especialmente em pacientes críticos.
As infecções do trato urinário (ITUs) são complicações frequentes em pacientes hospitalizados, particularmente naqueles em unidades de terapia intensiva (UTIs), onde o uso de cateteres urinários é comum. A presença de um cateter urinário, embora muitas vezes necessária para o manejo do paciente, interrompe os mecanismos de defesa naturais do trato urinário, facilitando a entrada e a ascensão de bactérias. Escherichia coli é o agente etiológico mais comum em ITUs, mas outras Enterobacteriaceae, como Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis, também são frequentemente isoladas. A formação de biofilmes nos cateteres urinários oferece um ambiente protegido para as bactérias, tornando-as mais resistentes aos antibióticos e ao sistema imunológico do hospedeiro. A prevenção de ITUs associadas a cateteres (ITU-AC) é uma prioridade nas UTIs, exigindo a implementação de medidas rigorosas de controle de infecção. Estas medidas incluem a inserção asséptica do cateter, a manutenção da drenagem urinária fechada, a higiene perineal regular e a remoção oportuna do cateter quando não mais necessário. A utilização de alternativas ao cateterismo urinário, como o cateterismo intermitente, pode reduzir o risco de ITU em alguns pacientes. A monitorização cuidadosa dos sinais e sintomas de ITU, como febre, disúria e dor suprapúbica, é essencial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. O uso racional de antibióticos, baseado em culturas e testes de sensibilidade, é fundamental para evitar a disseminação de bactérias resistentes. A educação contínua da equipe de saúde e a implementação de protocolos baseados em evidências são cruciais para reduzir a incidência de ITU-AC e melhorar os resultados clínicos dos pacientes.
Infecções da Corrente Sanguínea (Bacteremia)
A bacteremia, ou infecção da corrente sanguínea, é uma complicação grave que pode ocorrer em pacientes de UTI. Enterobacteriaceae podem entrar na corrente sanguínea através de cateteres intravenosos, feridas cirúrgicas ou outras fontes de infecção. A bacteremia pode levar à sepse, uma resposta inflamatória sistêmica que pode causar disfunção orgânica e choque séptico, com altas taxas de mortalidade. O diagnóstico precoce e o tratamento antimicrobiano adequado são essenciais para melhorar os resultados.
A bacteremia, definida como a presença de bactérias na corrente sanguínea, é uma complicação grave e potencialmente fatal em pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs). As Enterobacteriaceae, um grupo diversificado de bactérias Gram-negativas, são uma causa comum de bacteremia em UTIs, contribuindo significativamente para a morbidade e mortalidade. A patogênese da bacteremia envolve a entrada de bactérias na corrente sanguínea a partir de diversos sítios de infecção, como cateteres intravenosos, feridas cirúrgicas, trato urinário e pulmões. A presença de dispositivos invasivos, como cateteres venosos centrais, aumenta o risco de bacteremia, pois fornecem uma via direta para a entrada de bactérias na corrente sanguínea. Além disso, a imunossupressão associada a doenças subjacentes e tratamentos médicos intensivos torna os pacientes de UTI mais suscetíveis a infecções. Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Enterobacter spp. são Enterobacteriaceae frequentemente isoladas em casos de bacteremia em UTIs. A resistência antimicrobiana, particularmente a produção de β-lactamases de espectro estendido (ESBL), é uma preocupação crescente, limitando as opções terapêuticas e aumentando o risco de resultados adversos. A bacteremia pode levar a complicações graves, como sepse e choque séptico, caracterizados por disfunção orgânica múltipla e alta taxa de mortalidade. O diagnóstico precoce e o tratamento antimicrobiano apropriado são cruciais para melhorar o prognóstico. A identificação rápida do patógeno e a determinação de sua sensibilidade antimicrobiana são essenciais para orientar a terapia. A prevenção da bacteremia em UTIs exige a implementação de medidas rigorosas de controle de infecção, incluindo a higiene das mãos, a inserção e manutenção asséptica de cateteres, a remoção oportuna de dispositivos invasivos e o uso racional de antibióticos. A vigilância epidemiológica contínua e a educação da equipe de saúde são fundamentais para reduzir a incidência de bacteremia e melhorar a segurança do paciente.
Infecções de Feridas Cirúrgicas
Pós-operatório, as infecções de feridas cirúrgicas podem ser causadas por Enterobacteriaceae, especialmente em cirurgias abdominais. A contaminação da ferida durante a cirurgia ou no período pós-operatório pode levar a infecções locais ou sistêmicas. Medidas de higiene e técnicas cirúrgicas adequadas são cruciais para prevenir essas infecções. A escolha profilática de antibióticos também desempenha um papel importante na redução do risco de infecções.
As infecções de feridas cirúrgicas (IFCs) representam uma complicação significativa no cenário pós-operatório, com impacto considerável na morbidade, mortalidade e custos de saúde. As Enterobacteriaceae, um grupo de bactérias Gram-negativas encontradas no trato gastrointestinal e no ambiente, são patógenos comuns envolvidos em IFCs, especialmente em cirurgias abdominais e colorretais. A patogênese das IFCs é multifatorial, envolvendo a interação entre fatores relacionados ao paciente, ao procedimento cirúrgico e ao ambiente hospitalar. Fatores de risco relacionados ao paciente incluem idade avançada, obesidade, diabetes, imunossupressão e desnutrição. Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico incluem a duração da cirurgia, a complexidade do procedimento, a presença de contaminação fecal e a técnica cirúrgica. Fatores ambientais, como a higiene das mãos da equipe cirúrgica, a esterilização adequada dos instrumentos e a ventilação da sala de cirurgia, também desempenham um papel importante. A prevenção de IFCs exige a implementação de um conjunto de medidas baseadas em evidências, incluindo a preparação adequada do paciente antes da cirurgia, a administração profilática de antibióticos quando indicada, a técnica cirúrgica asséptica, o fechamento adequado da ferida e os cuidados pós-operatórios da ferida. A vigilância epidemiológica das IFCs é essencial para identificar tendências e implementar intervenções direcionadas. A educação contínua da equipe de saúde e a adesão a protocolos padronizados são cruciais para reduzir a incidência de IFCs e melhorar os resultados clínicos dos pacientes. O tratamento das IFCs geralmente envolve a drenagem da ferida, a administração de antibióticos e, em alguns casos, a reoperação. A escolha do antibiótico deve ser guiada pela identificação do patógeno e sua sensibilidade antimicrobiana. A resistência antimicrobiana é uma preocupação crescente no tratamento de IFCs causadas por Enterobacteriaceae, exigindo o uso criterioso de antibióticos e a implementação de estratégias de stewardship antimicrobiano.
Impacto da Entubação com Sonda no Risco de Infecções
A entubação com sonda, embora um procedimento essencial em muitas situações de emergência e cuidados intensivos, pode aumentar significativamente o risco de infecções, principalmente pulmonares e sistêmicas. A inserção do tubo endotraqueal compromete as barreiras naturais do trato respiratório, facilitando a entrada de bactérias nos pulmões. Além disso, a presença do tubo pode interferir com os mecanismos de defesa do organismo, como a tosse e a remoção de secreções, aumentando o risco de PAV.
A entubação com sonda, um procedimento médico crucial para o suporte ventilatório em pacientes críticos, acarreta um risco aumentado de infecções, particularmente pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e infecções sistêmicas. A inserção de um tubo endotraqueal compromete as barreiras de defesa naturais das vias aéreas, permitindo a entrada direta de microrganismos nos pulmões. A sonda endotraqueal também interfere com os mecanismos de clearance mucociliar, dificultando a remoção de secreções contaminadas. A formação de biofilmes na superfície interna da sonda endotraqueal oferece um ambiente propício para a colonização bacteriana e a subsequente infecção. As Enterobacteriaceae, como Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Enterobacter spp., são patógenos comuns envolvidos na PAV em pacientes entubados. A PAV prolonga o tempo de internação hospitalar, aumenta os custos de saúde e está associada a uma maior taxa de mortalidade. A prevenção da PAV em pacientes entubados exige a implementação de um conjunto de medidas baseadas em evidências, incluindo a elevação da cabeceira do leito, a higiene oral com soluções antissépticas, a aspiração regular das secreções das vias aéreas, o uso de sondas endotraqueais com revestimento antimicrobiano e a ventilação mecânica não invasiva sempre que possível. A monitorização contínua dos sinais clínicos e laboratoriais de infecção é essencial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Além da PAV, a entubação com sonda também pode aumentar o risco de outras infecções, como sinusite, otite média e bacteremia. A manipulação da sonda endotraqueal e a aspiração das secreções podem facilitar a entrada de bactérias na corrente sanguínea. A prevenção dessas infecções requer a adesão rigorosa às práticas de controle de infecção, incluindo a higiene das mãos, o uso de equipamentos de proteção individual e a manipulação asséptica da sonda endotraqueal. A educação contínua da equipe de saúde e a implementação de protocolos padronizados são fundamentais para reduzir o risco de infecções em pacientes entubados e melhorar os resultados clínicos.
Estratégias de Prevenção
A prevenção de infecções por Enterobacteriaceae em UTIs requer uma abordagem multifacetada, incluindo:
Higiene das Mãos
A higiene das mãos é a medida mais eficaz para prevenir a disseminação de infecções. A equipe de saúde deve realizar a higiene das mãos antes e após o contato com o paciente, após a remoção de luvas e sempre que houver contato com fluidos corporais ou superfícies contaminadas.
A higiene das mãos é reconhecida globalmente como a medida mais eficaz e fundamental para prevenir a disseminação de infecções em ambientes de saúde, incluindo as unidades de terapia intensiva (UTIs). A transmissão de microrganismos, incluindo as Enterobacteriaceae, ocorre frequentemente por meio do contato direto ou indireto das mãos da equipe de saúde com os pacientes ou com superfícies contaminadas. A adesão rigorosa às práticas de higiene das mãos pode reduzir significativamente a incidência de infecções hospitalares, incluindo pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), infecções do trato urinário (ITUs), bacteremia e infecções de feridas cirúrgicas (IFCs). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a utilização da técnica dos cinco momentos para a higiene das mãos: antes do contato com o paciente, antes de realizar um procedimento asséptico, após o risco de exposição a fluidos corporais, após o contato com o paciente e após o contato com o ambiente do paciente. A higiene das mãos pode ser realizada com água e sabão ou com soluções alcoólicas, como álcool gel. A utilização de soluções alcoólicas é preferível em muitas situações, pois é mais rápida, eficaz e bem tolerada pela pele. A disponibilidade de álcool gel em pontos estratégicos da UTI facilita a adesão à higiene das mãos pela equipe de saúde. A educação contínua da equipe sobre a importância da higiene das mãos e o fornecimento de feedback sobre o desempenho são cruciais para manter altas taxas de adesão. A implementação de programas de vigilância da higiene das mãos e a utilização de indicadores de desempenho podem ajudar a identificar áreas de melhoria e a monitorar o impacto das intervenções. A cultura de segurança do paciente na UTI deve valorizar a higiene das mãos como uma prática essencial para a prevenção de infecções e a proteção dos pacientes.
Precauções de Contato
O uso de precauções de contato, como luvas e aventais, ao cuidar de pacientes colonizados ou infectados por Enterobacteriaceae resistentes é essencial para evitar a disseminação dessas bactérias. A segregação de pacientes colonizados ou infectados também pode ser necessária em surtos.
As precauções de contato são um conjunto de medidas de controle de infecção implementadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) para prevenir a disseminação de microrganismos multirresistentes (MDR), incluindo as Enterobacteriaceae produtoras de carbapenemases (EPC). As EPCs representam uma ameaça significativa à saúde pública devido à sua resistência a múltiplos antibióticos, tornando as infecções difíceis de tratar e associadas a altas taxas de mortalidade. As precauções de contato visam interromper a transmissão de MDRs por meio do contato direto ou indireto entre pacientes, equipe de saúde e o ambiente hospitalar. As principais medidas de precaução de contato incluem a higiene das mãos rigorosa, o uso de luvas e aventais descartáveis ao entrar em contato com o paciente ou seu ambiente, a utilização de equipamentos dedicados (estetoscópio, termômetro, etc.) para pacientes colonizados ou infectados por MDRs e a limpeza e desinfecção rigorosa do ambiente do paciente. Em algumas situações, pode ser necessário o isolamento do paciente em quarto privativo para minimizar o risco de transmissão cruzada. A equipe de saúde deve receber treinamento adequado sobre as precauções de contato e a importância de sua adesão. A sinalização clara e visível dos quartos de pacientes sob precaução de contato é essencial para alertar a equipe e os visitantes sobre a necessidade de seguir as medidas de controle de infecção. A vigilância epidemiológica contínua e a identificação precoce de pacientes colonizados ou infectados por MDRs são fundamentais para a implementação oportuna das precauções de contato. A comunicação eficaz entre os membros da equipe de saúde e a colaboração multidisciplinar são cruciais para o sucesso das medidas de precaução de contato. A adesão rigorosa às precauções de contato é uma responsabilidade de todos os profissionais de saúde e contribui significativamente para a segurança do paciente e a prevenção da disseminação de MDRs em UTIs.
Uso Racional de Antibióticos
O uso racional de antibióticos é crucial para prevenir o desenvolvimento de resistência antimicrobiana. A prescrição de antibióticos deve ser baseada em diretrizes clínicas e resultados de culturas, evitando o uso desnecessário ou prolongado de antibióticos de amplo espectro.
O uso racional de antibióticos, também conhecido como stewardship antimicrobiano, é uma estratégia essencial para combater a crescente ameaça da resistência antimicrobiana em unidades de terapia intensiva (UTIs). A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos utilizados para tratá-las, tornando as infecções mais difíceis de tratar e aumentando o risco de morbidade e mortalidade. As Enterobacteriaceae são uma causa comum de infecções em UTIs e têm demonstrado um aumento alarmante na resistência a múltiplos antibióticos, incluindo os carbapenêmicos, que são frequentemente utilizados como tratamento de última linha. O uso excessivo e inadequado de antibióticos é um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento e a disseminação da resistência antimicrobiana. O stewardship antimicrobiano visa otimizar o uso de antibióticos, garantindo que os pacientes recebam o tratamento adequado na dose correta, pela duração necessária e com o menor impacto possível no desenvolvimento de resistência. As principais estratégias de stewardship antimicrobiano incluem a implementação de diretrizes de tratamento baseadas em evidências, a revisão da prescrição de antibióticos por uma equipe multidisciplinar, a educação da equipe de saúde sobre o uso racional de antibióticos, a monitorização do consumo de antibióticos e a implementação de medidas de controle de infecção para prevenir a disseminação de bactérias resistentes. A cultura e o teste de sensibilidade aos antibióticos são fundamentais para orientar a escolha do antibiótico mais apropriado para cada paciente. A terapia empírica, que é iniciada antes da identificação do patógeno e seus padrões de sensibilidade, deve ser baseada em dados epidemiológicos locais e nas diretrizes de tratamento. A descalonamento da terapia, que consiste na mudança de um antibiótico de amplo espectro para um antibiótico de espectro mais estreito assim que os resultados da cultura estiverem disponíveis, é uma prática importante para reduzir a pressão seletiva para resistência. O uso racional de antibióticos é uma responsabilidade de todos os profissionais de saúde e requer um esforço coordenado para proteger os pacientes e preservar a eficácia dos antibióticos para as gerações futuras.
Cuidados com Cateteres e Sondas
Os cuidados com cateteres e sondas são essenciais para prevenir infecções associadas a esses dispositivos. A inserção deve ser realizada com técnica asséptica, e a manutenção deve seguir protocolos rigorosos. A remoção do cateter ou sonda deve ser realizada o mais breve possível, quando não for mais necessário.
Os cuidados com cateteres e sondas são um componente crucial da prevenção de infecções em unidades de terapia intensiva (UTIs). Cateteres intravenosos, cateteres urinários e sondas endotraqueais são dispositivos invasivos frequentemente utilizados em UTIs, mas também representam um risco significativo de infecção. As Enterobacteriaceae podem colonizar esses dispositivos e causar infecções graves, como bacteremia, infecção do trato urinário (ITU) e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). A prevenção de infecções associadas a cateteres e sondas exige a implementação de um conjunto de medidas baseadas em evidências, incluindo a seleção apropriada do dispositivo, a inserção asséptica, a manutenção adequada e a remoção oportuna. A inserção de cateteres intravenosos e urinários deve ser realizada utilizando uma técnica asséptica rigorosa, incluindo a higiene das mãos, o uso de luvas estéreis, a preparação da pele com um antisséptico adequado e a utilização de um campo estéril. A manutenção dos cateteres e sondas deve seguir protocolos padronizados, incluindo a troca regular dos curativos, a limpeza do sítio de inserção com um antisséptico e a manipulação cuidadosa do dispositivo para evitar a contaminação. Os cateteres urinários devem ser mantidos em um sistema fechado de drenagem e a bolsa coletora deve ser mantida abaixo do nível da bexiga para evitar o refluxo da urina. As sondas endotraqueais devem ser aspiradas regularmente para remover as secreções e prevenir a PAV. A remoção dos cateteres e sondas deve ser realizada o mais breve possível, quando não forem mais necessários, para reduzir o risco de infecção. A equipe de saúde deve receber treinamento adequado sobre os cuidados com cateteres e sondas e a importância de sua adesão aos protocolos. A vigilância epidemiológica das infecções associadas a cateteres e sondas é fundamental para identificar áreas de melhoria e monitorar o impacto das intervenções. A cultura de segurança do paciente na UTI deve valorizar os cuidados com cateteres e sondas como uma prática essencial para a prevenção de infecções e a proteção dos pacientes.
Vigilância Epidemiológica
A vigilância epidemiológica contínua é essencial para monitorar a incidência de infecções, identificar surtos e avaliar a eficácia das medidas de prevenção. A coleta e análise de dados sobre infecções e resistência antimicrobiana podem orientar as políticas de controle de infecção.
A vigilância epidemiológica é um componente fundamental dos programas de controle de infecção em unidades de terapia intensiva (UTIs). A vigilância epidemiológica envolve a coleta sistemática, a análise e a interpretação de dados sobre a ocorrência de infecções e outros eventos relacionados à saúde, com o objetivo de identificar tendências, detectar surtos e avaliar a eficácia das medidas de prevenção. A vigilância epidemiológica nas UTIs permite monitorar a incidência de infecções hospitalares, como pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), infecções do trato urinário (ITUs), bacteremia e infecções de feridas cirúrgicas (IFCs), bem como a prevalência de microrganismos multirresistentes (MDRs), incluindo as Enterobacteriaceae produtoras de carbapenemases (EPCs). Os dados coletados na vigilância epidemiológica podem ser utilizados para identificar fatores de risco para infecções, avaliar o impacto das intervenções de controle de infecção e orientar a implementação de novas estratégias de prevenção. A vigilância epidemiológica também desempenha um papel importante na detecção precoce de surtos de infecção, permitindo a implementação rápida de medidas de controle para evitar a disseminação de microrganismos. Os dados da vigilância epidemiológica devem ser compartilhados com a equipe de saúde e com as autoridades de saúde pública para informar as políticas de controle de infecção em nível local, regional e nacional. A equipe responsável pela vigilância epidemiológica deve incluir profissionais de saúde com treinamento especializado em epidemiologia e controle de infecção. A utilização de sistemas de informação e tecnologias de comunicação pode facilitar a coleta, a análise e a disseminação dos dados da vigilância epidemiológica. A vigilância epidemiológica é um processo contínuo e dinâmico que requer a colaboração de todos os membros da equipe de saúde e o compromisso com a segurança do paciente e a prevenção de infecções.
Conclusão
As infecções por Enterobacteriaceae em UTIs representam um desafio significativo, com potencial para aumentar a morbidade e mortalidade de pacientes críticos. A entubação com sonda pode aumentar o risco dessas infecções, mas a implementação de estratégias de prevenção abrangentes, incluindo higiene das mãos, precauções de contato, uso racional de antibióticos, cuidados com cateteres e sondas e vigilância epidemiológica, pode mitigar esses riscos. A adesão rigorosa a essas medidas é essencial para proteger os pacientes e melhorar os resultados clínicos em UTIs.
Em conclusão, as infecções por Enterobacteriaceae em unidades de terapia intensiva (UTIs) representam um desafio significativo para a saúde pública, devido à sua crescente resistência antimicrobiana e ao impacto negativo nos resultados clínicos dos pacientes. A entubação com sonda, embora essencial para o suporte ventilatório em pacientes críticos, aumenta o risco de infecções pulmonares e sistêmicas, especialmente a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). A prevenção dessas infecções exige uma abordagem multifacetada, que inclui a implementação de medidas rigorosas de controle de infecção, o uso racional de antibióticos e a vigilância epidemiológica contínua. A higiene das mãos, as precauções de contato, os cuidados com cateteres e sondas e a educação da equipe de saúde são componentes essenciais dos programas de prevenção de infecções em UTIs. O stewardship antimicrobiano, que visa otimizar o uso de antibióticos, é fundamental para combater a resistência antimicrobiana e preservar a eficácia desses medicamentos para as gerações futuras. A colaboração multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, farmacêuticos, microbiologistas e outros profissionais de saúde, é crucial para o sucesso dos programas de prevenção de infecções em UTIs. A cultura de segurança do paciente na UTI deve valorizar a prevenção de infecções como uma prioridade máxima e incentivar a adesão às práticas baseadas em evidências. Ao implementar estratégias de prevenção abrangentes e promover uma cultura de segurança, as UTIs podem reduzir a incidência de infecções por Enterobacteriaceae e melhorar os resultados clínicos dos pacientes.